sábado, 17 de julho de 2010

Crônica de uma morte anunciada. degradação do meio ambiente na invasão dandara.

Nasci pequena! Igual a mim, muitas outras minhas amigas. Somente a metade de nós consegue crescer. É assim que somos, como a Natureza nos fez.

Fui crescendo rápido. Durante meses meu tronco foi engrossando, minhas raízes se aprofundando e a quantidade de ar que eu respirava aumentava cada vez mais.
Era gozado eu respirava ar ruim e deixava sair o ar bom. Eu era uma máquina muito eficiente. Era muito legal!!!

As chuvas refrescavam meu tronco, meus galhos e minhas raízes faziam a festa no terreno onde nascil.
Fui crescendo cada vez mais. Forte, meu tronco já alcançava uma altura muito boa. Lá de cima, eu apreciava em destaque a rua onde eu estava. Havia algumas amigas por perto. Poucas, não restam dúvidas, mas assim como eu, dispostas a ficarem cada vez maiores.

Sol, ventos, chuvas fortes e fracas, dias nublados e dias de forte luz. Eu dava sombra, retirava do ar as impurezas que o homem colocava.

Uma noite aconteceu algo estranho. Pela madrugada chegaram uns homens e mulheres com um monte de coisas na mão. Fizeram buracos aqui e ali. Fiquei apreensiva, mas feliz. Será que outras amigas viriam me fazer companhia? Qual foi minha desilusão. Eles se denominavam “sem-teto” e na maior gritaria e algazarra diziam que iam invadir o terreno onde nasci. Primeiramente levantaram barracas de lona preta e depois de alguns dias eu já via crescer ao meu redor barracos de tijolos de barro, tudo sem um pingo de ordem ou organização, pois uns construíam nos fundos das áreas demarcadas por eles, outros, na divisa com a rua. Ficou feio o imenso terreno onde nasci. Muitas amigas minhas tiveram sua vida ceifada nestes fatídicos dias, agora, só restam algumas do outro lado da rua. Somente eu ainda resistia bravamente.
Eis que um dia, de repente tenho uma visão aterradora. Um homem chegou no pedaço de terreno que inda me restava segurando um machado e uma serra. Tremi desesperadamente pois não posso ver estes objeto. Pressenti que era o princípio de um sofrimento sem tréguas.

Começou a me golpear! Quisera naqueles momentos que se passaram que meu tronco fosse mais frágil, que eu não fosse tão resistente. Mas, não, eu estava só, suportando a violência com que o machado vinha ao meu encontro. Uma vez, duas, três, dezenas de vezes...

Senti fortes dores. Meus galhos ainda sem folhas, sucumbiram diante da sua frieza e insensibilidade. Um a um, caíram pelo terreno. De nada adiantava eu gritar, como já disse não fui feita para gritar. É verdade que quando vamos ficando velhas, ainda podemos ser aproveitadas como madeira para lenha, para o homem cozinhar e aquecer-se com suas lareiras em locais frios.

Em dados momentos eu pensei que o homem pararia de cortar meus pobres e frágeis galhos. Não parou. Continuou a golpear-me sem dó, nem piedade. Fui diminuindo, ficando pequenina e imaginei que poderia ser assim mesmo. Puxa, eu vou ser diminuída para ficar menorzinha e ser levada para outro lugar para de novo renascer forte e quem sabe, maior ainda do que sou!

Sentia-me moribunda. Tentava de todas as formas me manter ainda de pé. Não mais poderia sentir o vento em meus galhos e folhas, não mais poderia receber meus queridos amigos para abrigá-los do vento, não mais poderia oferecer meus galhos para os pássaros construírem seus ninhos. Não mais sentiria o frescor da manhã, a intensidade do Sol com seus raios dourados a atingir toda a minha copa. Não mais sentiria a suavidade da tarde e o encanto do orvalho da noite. Não mais daria a sombra protetora dos dias ensolarados.

Meu tronco explodia. Pedaços de mim saltavam para todos os lados. Eu procurava resistir, contraindo-me, deixando que minha seiva percorresse o interior de mim, livrando-se da lâmina implacável do machado.
Lutei desesperadamente para a dignidade de minha estrutura se manter ainda viva. A dignidade que era a contradição da insensatez do homem que ao derrubar-me, diminuía a teia da vida, essa teia tão cheia de complexidade e tão tênue para todos nós, independentemente de sermos o que somos: vegetais, animais ou minerais...

A minha base de sustentação ia sendo destruída, a cada movimento do homem. Os vasos do meu xilema, que conduzem a seiva bruta até às folhas pelo alburno, e os elementos condutores do floema, transportam a seiva elaborada até as raízes. Tudo destruído. Por momentos imaginei que ele assim o fazia, para manter o compromisso com quem o havia contratado de seguir até o fim. Caso, quem o tivesse contratado chegasse e me visse ainda de pé, não o teria pago. Seu trabalho não estaria terminado. Ele deveria ter mulher e filhos para cuidar, o dinheiro era importante para ele. Não poderia deixar de perdoá-lo...
Resisti até o quanto pude e em um dado momento sentia-me fraca e só. Com surpresa para mim mesma, soltei um grito de dor e tombei pelo terreno.

Estava consumado. Jazia pelo duro chão...

Nos momentos que ainda me restavam imaginei-me florindo, dando a sombra tão disputada para quem se aproximava de mim. Era uma das poucas árvores do terreno que ainda resistia. Olhei para sua imensidão e o vi sem a minha proteção. O homem juntou pedaços de mim e arrastando-me, colocou o que ainda era tronco partido em um outro lugar ali perto.

Enquanto era arrastada, olhei pela última vez onde eu tinha morado. Ainda restava um pequeno tronco que exalava um cheiro que só nós vegetais sentimos. Um leve odor que enchia o ar de queixumes. A minha seiva, ainda tentava subir para suprir o que não poderia mais atingir. Estava terminado...

De longe, um pedaço de tronco, que um dia deu tudo de si para todos que se aproximavam de mim. Nunca exigi nada de ninguém, nunca pedi nada a quem quer que fosse. Vivi e servi. Vim para servir e amar. Fui toda amor e dedicação.

Por fim, eu peço perdão a todos aqueles que não pude ajudar. Sentia muito em não poder dar frutos. Isso foi deixado para outras amigas minhas. Minha função principal era dar sombra...
Eu sou o símbolo da vida que se renova... Eu te perdoo pelo que foi feito e, ainda, te peço perdão pelo que não fiz. Te peço perdão pela rua que "sujei" com as minhas folhas. Assim o fiz, para que depois eu ficasse verde por toda a Primavera e você me amasse... Adeus. (adptado de Antonio Jorge Gouvêa-www.educacaopublica.rj.gov.br)

Eu era assim... Minha frondosa copa dava sombra a muitos...


Olhem como me deixaram...

Será que essas pessoas tem um coração???
Como podem ser tão frios???


Isto demonstra a todos como o terreno invadido está sendo degradado. Os que lá dentro estão, incentivados por suas lideranças,lamçãm mão de todos os subterfúgios para degradarem o ambiente... O terreno onde esta arvore nasceu, possui diversas nascentes de águas que formam o Córrego Olhos D'Agua, que desagua na Lagoa da Pampulha... Se continuar assim, o mesmo será só esgoto nos próximos anos...


ocupação dandara, mst, movimento dos sem terra, terreno, pampulha, céu azul, enseada das garças, trevo, brigadas populares, meio ambiente, belo horizonte,

9 comentários:

  1. O que se pode esperar desse " Zé Povinho" senão a destruição? Chega disso meu Deus. Eu também vi o sujeitinho safado cortando a árvore. Será possível que isso ficará impune? mais um absurdo!
    o pior é que essa árvore morreu por nada, pois esses idiotas serão despejados do terreno e então não havia necessidade de cortá-la. É por conta de coisas como essas que não tenho nenhum sentimento quanto a futura derrubada dos barracos. Que caiam todos!
    FORA DANDARA! FORA FAVELA!
    E.A

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  2. FORA DANDARA. NÃO A MENTIRA DESTE "LIDERES".

    ATENÇÃO POLICIA MILITAR, FAÇA CUMPRIR A REINTEGRAÇÃO DE POSSE.

    W.

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  3. DIZEM QUE NÃO TEM ONDE IR.

    UAI ? VOLTEM DA ONDE VIERAM !!!


    DESPEJO JÁ .

    W.

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  4. file:///C:/Documents%20and%20Settings/washington.WASHINGT-2FCF44/Desktop/22072010375.jpg

    veja só !
    Enquanto a população de bem está preocupada em trabalhar a fins de honrar seus compromissos e manter suas integridades:Física,Moral e Cultural intactas; Pessoas de má índole,trabalham no sentido contrário, impedindo que os planos da população sejam concretizados.
    refiro-me a violência que a cada dia toma força na região do bairro Céu Azul.
    essa foto é de um artefato que foi retirado das mãos de um adolescente aparentando 15 anos que queria assaltar em plena luz do dia um cidadão comum que de forma arriscada tomou do menor infrator, esse fato aconteceu próximo a invasão Dandara no Bairro Trevo/ Céu Azul.

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  5. Estão enchendo o terreno invadido de terra vinda de bota-fora. Quando vier o período chuvoso esta terra será levada para dentro do Ribeirão Olhos D' agua, que já está todo poluído e na iminência de ser, agora, assoreado.

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  6. Quando irá acabar essa novela?
    Não entendo o porque que o mandato não foi cumprido ainda, que justiça é essa?
    O companheiro que relatou com relação a terra que estão vindo de bota-fora tem razão, sem falar no lixo e na destruição das poucas árvores que ainda restam no terreno.
    Até palmito estão retirando para vender das poucas palmeiras que ainda tem por lá, o que será que estão esperando acontecer para retirada definitiva deles?!

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  7. centenas de árvores estão sendo retiradas da mata da UFMG,
    e ai???
    não preocupão vcs????
    R.13

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  8. É um idiota mesmo o tal de R.13! Esse povinho mediocre que apoia as invasões adoram se justificar.
    Nós, moradores da região afetada pela maldita invasão, nos preocupamos com o nosso bairro e se cada um fizesse o mesmo, seria bem mais fácil.Não é preciso nem responder a pergunta desse fulano, que tá na cara que é um deles.
    O pior é ser como esse povo e seus líderes, que só pensam e si mesmos custe o que custar! Será mesmo que uma árvore seria poupada? Alguém que rouba um terreno seria capaz de pensar a respeito? Seria demais exigir isso deles...

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